Última hora: Francisco j Marques faz acusação grave ao Benfica
Na sessão do julgamento dos emails do Benfica, Francisco J. Marques defendeu o interesse público da sua divulgação no Porto Canal.
“Como é que se pode discutir a existência ou não de interesse público? Salta à vista de qualquer pessoa que tem. Era tão evidente que até o New York Times se interessou pela matéria, a revista New Yorker, a mais prestigiada dos magazines mundiais, se interessou pelo assunto. Mas pelos vistos, em Portugal, há um pequeno feudo que acha que este tipo de coisas não tem interesse público. Há sempre um peso que tem de se medir entre o bem da privacidade do detentor da informação e o bem da sociedade em ter acesso àquela informação. Foi isso que fizemos e hoje em dia não acho que tenha decidido mal”, afirmou.
O diretor de comunicação do FC Porto lembra que a BTV também divulgou escutas do processo Apito Dourado.
“As escutas telefónicas são um meio de investigação utilizado pelas autoridades. Curiosamente há uma entidade que está ofendida pelos emails, mas um programa na BTV andou anos e anos a divulgar escutas e ninguém fez nada. Liam as escutas e tiveram mais programas do que nós. Nunca aconteceu nada, o Ministério Público nunca investigou nada“, lamentou.
Francisco J. Marques assegura que entregou os documentos à Polícia Judiciária em junho de 2017.
“O primeiro contacto da PJ aconteceu através de um número privado. Eu atendi e a pessoa disse-me que era da PJ. Disse que não falava com uma pessoa da PJ num número privado, mas que estava disponível, tal como tinha dito no programa, para entregar tudo o que tinha recebido. Foi marcada uma reunião na PJ do Porto. Como havia grande efervescência pública, aquilo foi feito na biblioteca da reitoria do Porto da PJ“, referiu.
Francisco J. Marques fez questão de frisar que a não entrega dos documentos às autoridades não foi para evitar a justiça mas sim porque sabia que nada aconteceria ao Benfica. O diretor de comunicação dos dragões acusa o Ministério Público de perseguição.
“O simples facto de estar aqui sentado no lugar de arguido responde à pergunta do senhor juiz. Passaram-se cinco anos sobre essas divulgações e neste intervalo de tempo aconteceram variadíssimas coisas. Tivemos jogadores a confessar em tribunal que o Benfica os tentou comprar, pessoas funcionárias do Benfica com lugares de relevo e assento nas reuniões de administração a entrarem no Citius e a consultarem este mesmo processo, mas o Ministério Público persegue-me a mim e ao Diogo [Faria]. Eu tinha a noção de que ao Benfica nada acontecia“, disse.
“Refleti e decidi não entregar. Achei que se entregasse não ia acontecer absolutamente nada. Achei que o que estava ali era especialmente grave, com várias coisas do ponto de vista ética muito reprováveis e que só havia uma coisa a fazer, que era tornar aquilo público para toda a gente saber o que estava acontecer. Fazia sentido que os adeptos de futebol soubessem o que estava a acontecer”, acrescentou.
Por último Francisco J. Marques revelou que foi o escolhido para receber os documentos, uma vez que a aforma como defendia o FC Porto era bastante apreciada por quem teve acesso aos mesmos.
“Em novembro ou dezembro de 2016, uns três ou quatro meses antes de ter recebido os primeiros emails, começou o Universo Porto Bancada. Quem me enviou os emails apreciou a forma como fazia a defesa do FC Porto. Foi o que a própria pessoa me disse isso“, concluiu.